segunda-feira, 5 de julho de 2010

RESENHA CRÍTICA - CONTRIBUIÇÕES DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS: ALTERNATIVA DE INSERÇÃO DE FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Sílvia Cristina de Souza Trajano
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS
MARQUES, Deividi Marcio e Caluzi, João José. Contribuições da História da Ciência no Ensino de Ciências: Alternativa de Inserção de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio. Enseñanza de Las Ciencias, 2005. Número Extra. Vii Congreso.

CREDENCIAIS DO AUTOR

Deividi Marcio Marques Possui graduação em Licenciatura Plena em Ciências - Hab. em Química pela Universidade do Sagrado Coração (2003), graduação em Licenciatura Plena Em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós graduação em Educação Para a Ciência da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.Atualmente é Professor Adjunto I do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia. Autor de diversos textos, livros, resumos e participação em livros, com vasto acervo de trabalhos acadêmicos sobre assuntos na área específica de física, mas tambem aborda as demais Ciências. Possui a homepage http://www.iqufu.ufu.br. Entre outros trabalhos:

______. A utilização da História da Ciência no Ensino: Proposta de elaboração de mudanças didáticas compartilhadas entre professores em exercício e em formação inicial. Circumscribere (São Paulo) v. 4, p. 86-89, 2008.
______. PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL O ENSINO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS.. In: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008, Curitiba. Anais do XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008.
______. Formação de Professores de Educação Infantil para o Ensino de Ciências. In: VI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2007, Florianópilis. Atas do VI ENPEC, 2007.


RESUMO DA OBRA

Marques chama atenção para a importância da disciplina História da Ciência nos contextos escolares e formadores, a qual, atualmente, percebemos um desuso considerável das abordagens da História da Ciência, que muito esclareceriam alunos e mesmo os especialistas da área, sobre a essência da Ciência. Pois a compreensão de sua origem revela a evolução social nas diversas áreas do conhecimento contemporâneo, convergindo para as Ciências Sociais.
Assim como a História da Ciência se consolidou como disciplina autônoma na década de 60, o mesmo não ocorreu nas décadas subseqüentes, sendo considerada atualmente uma área interdisciplinar que tem seus temas e conteúdos fragmentado em livros didáticos que pouco abordam sobre a cientificidades das coisas, suas origens e sequer citam a História da Ciência. Alguns desses livros didáticos trazem erros conceituais que reproduzem uma Ciência nada funcional para a vida social e pouco científica para quem pretende ou quer se especializar. O que corrobora quando afirmamos que maioria dos professores que hoje atuam no ensino de Ciências pouco ou nada sabem sobre a História da Ciência.
Conforme Marques, o professor precisa se aprimorar atuando como um pesquisador na busca de novas fontes de pesquisa, descobrindo novos métodos, elaborando novos conceitos, melhorando sua práxis. Aprender sobre outras áreas de conhecimento diferentes da sua de formação é colaborar para uma atuação docente mais comprometida com o social e menos preocupada com o individual. A formação continuada, a pesquisa em periódico, livros, artigos, dissertações e teses corroboram que o conhecimento está disponível para quem quiser, mas para isso há de se desenvolver uma postura cultural de busca, de autoconhecimento e criticidade. Onde o sujeito percebe que precisa progredir. E só com uma atuação didática consciente que valorize o fundamento e o sentido das coisas, para a médio e longo prazo, possamos fazer mudanças significativas com os novos cidadãos formados pela ciência moderna.
Quando Marques destaca sobre a inclusão dos Tópicos de Física Moderna e Contemporânea nos últimos capítulos do livro, no Ensino Médio e que muitas vezes não aparecem nos programas nos chama a atenção para uma problemática de que é um conteúdo visto como não importante. Talvez porque não seja tão relevante para o vestibular que sempre apela para os cálculos e formulas que muitas vezes os alunos retêm por doutrinação.
De acordo com Pérez apud Perrazzan, 1994, que sugere uma introdução da Física Moderna no Ensino Médio, para que seja feita tomando como ponto de partida às dificuldades que originaram a crise da Física Clássica, mostrando os limites de sua validade. Isso é fundamentar dando uma razão aos estudos, diferente do que ocorre na maioria das classes atualmente, onde não há uma base construtivista provocada pelo professor.

CONCLUSÃO

Marques apud Bastos (1998, p. 37) apresenta alguns pontos para nossa reflexão no que diz respeito a importância da História da Ciência no Ensino de... Aborda as deficiências dos cursos de formação de professores, a escassez de textos de História da Ciência que contemplem as necessidades específicas do Ensino de Ciências na escola fundamental e média e a discordância acerca de quais seriam os relatos históricos mais rigorosos e apropriados (existem diferentes possibilidades cujos aspectos positivos e negativos podem não estar evidentes). Este ultimo destaque julgamos ser irrelevante, uma vez que a Ciência entendida como uma verdade absoluta, fechada (certa ou errada, positiva ou negativa) e que se baseia em meros experimentos sem levar em consideração as variáveis da complexidade humana, não é funcional na concepção de Ciência moderna a qual vivenciamos no atual contexto científico. Estamos passando por uma revolução científica que requer uma inter-relação entre as Ciências Naturais e Ciências Sociais. O que já é possível observar. Talvez este seja um dos principais motivos que tornou possível a discussão do ensino de ciências trazendo como fundamentação a História da Ciência no Ensino Médio. A experimentação seguida por uma determinação, aparentemente sem sentido e sem justificativa é a doutrinação da prática científica, tanto do aluno como do professor.
Aprender História da Ciência é entender o porquê das coisas, da Ciência. É ter o sentido e a motivação necessária e indispensável de quem quer compreender a Ciência. A História da Ciência é no Ensino Médio o interesse que falta aos alunos, uma vez que os alunos compreenderiam os episódios históricos, a evolução do progresso científico, a vida, percebendo que as perguntas merecem melhores considerações e atenção que as respostas, que são verdades provisórias e que a qualquer momento podem ser refutadas. Perceber que a Ciência, a religião e a filosofia, têm algo em comum. A “fé” que move uma ou outra e que por este motivo, ao mesmo tempo em que são, aparentemente, dicotômicas, na verdade são complementares. Mas a compreensão de que a Ciência é o método, a filosofia é o pensamento e que a religião é a crença... Que são saberes que questionam, duvidam e que acreditam na natureza das coisas... E que existe uma linguagem universal que explica essa natureza... Só será possível ser percebida com as revelações históricas científicas de um mundo físico com conceitos químicos de origem biológica, mas que se traduz por uma linguagem matemática.
Defendo que a História da Ciência deveria ser trabalhada não apenas no Ensino de Ciências de uma série ou de um curso específico, mas em toda a Educação Básica, mesmo que fosse de modo interdisciplinar. Mas para tanto sabemos da necessidade de uma reforma na formação dos professores, desse modo o primeiro espaço de atuação da História da Ciência seria nos cursos de formação de professores. De todos os professores e não apenas aqueles que são designados a ensinar Ciências. Ciência é um bem comum a todos os cidadãos e para que seja de fato, o Ensino de Ciência, bem como sua fundamentação, é de direito de todos. Não teremos uma sociedade com consciência científica se nossos professores não as têm. E isso requer o desenvolvimento da criticidade, análise e reflexão das práticas pedagógicas, assim como do livro didático, com docentes avaliando seus conceitos e sua pertinência, as abordagens dos temas as aulas e a realidade dos alunos. Perdendo o seu caráter de verdade inalterável, acabada e irrefutável que os professores, muitas vezes, definem os livros.


CRÍTICA

A leitura é rápida, possui um estilo de entendimento claro e objetivo e não perde seu caráter informativo, analítico o que nos traz a luz para uma reflexão sólida a respeito dos aspectos abordados. Requer um mínimo de conhecimentos prévios no que se refere a Física e Química, apenas para que as analogias apresentadas pelo autor fiquem mais ilustrativas e dialógicas, mas seu entendimento não é impossibilitado pelo não conhecimento prévio. O mais importante para que esse trabalho seja eficiente é o interesse e atenção do leitor.
Para encerrar, a História da Ciência é para ser trabalhada com consciência, de forma cuidadosa, analítica e crítica, de modo que os alunos percebam que as verdades não são absolutas, são relativas, questionáveis e muitas vezes refutáveis. Nada está a salvo da crítica e da reflexão. Essa deve ser a principal contribuição da História da Ciência no Ensino, visando uma conscientização científica na sociedade.


INDICAÇÕES

O objetivo deste trabalho é oferece uma análise de cunho científico abordando de que maneira a História da Ciência tem sido apresentada nos diversos ramos da educação e nos livros didáticos, dando enfoque específico ao Ensino Médio.
Os autores destacam a importância da inserção do tópico de Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio, apontando como primordial aliada a História da Ciência como significante para atuação dos professores com dessas disciplinas e tambem para compreensão dos alunos com a aquisição desse conhecimento.

Um comentário:

  1. Silvia, muito obrigado pela menção do meu artigo. Gostaria de entrar em contato com a senhora para maiores esclarecimentos sobre meus trabalhos e os trabalhos desenvolvidos pelos meus orientandos na área de História da Ciência e Ensino. Inclusive temos uma home page para discussão dessa interface.
    meu email deivid@iqufu.ufu.br

    obrigado!
    Deividi M Marques

    ResponderExcluir